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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ainda há tempo para agir.


Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o Nordeste pode perder um terço de sua economia com o aumento da temperatura até o fim do século. O momento é de investir em alternativas sustentáveis de desenvolvimento, no gerenciamento dos recursos hídricos e em ações como a redução do uso de mata nativa da Caatinga para a produção de carvão


Daniela Nogueira e Larissa Limada Redação 18 Jun 2009 - 00h21min


As mudanças estão acontecendo. E os efeitos da virada climática preocupam quem vive e pensa o desenvolvimento das regiões mais vulneráveis ao já previsto aumento de temperatura: as semiáridas. A busca por soluções é o desafio da Segunda Conferência Internacional Sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, a Icid+18, lançada ontem em Fortaleza, no Dia Mundial de Combate à Desertificação. A sigla faz referência ao título do evento em inglês e à primeira edição, realizada também na capital cearense, no escopo da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, a Eco 92, que ocorreu no Rio de Janeiro. A conferência será realizada em Fortaleza e pretende contar com 2 mil participantes, entre pesquisadores de pelo menos 50 países, estudantes e gestores. Além da data, 16 a 20 de agosto de 2010, o evento tem estabelecido um desafio principal: servir de base para políticas públicas de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. A Icid+18 ainda poderá ser subsídio para discussões mais amplas, caso a Rio+20 seja confirmada para 2012. A Icid+18 é promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Governo do Ceará. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participou da solenidade de lançamento e enfatizou os riscos do aumento das áreas desertificadas e da falta de preparação para um fenômeno já previsto. “Há um risco real, caso a temperatura se eleve dois graus Celsius até o fim do século, e essa é a possibilidade mais otimista, de que o Nordeste perca um terço de sua economia”, alertou. O dado é do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que prevê aumento até maior de temperatura e que o nível do mar subirá alguns centímetros, o suficiente para causar estragos em zonas litorâneas. Por isso, o Nordeste, onde está a maior parte do Semiárido brasileiro, será contemplada com metade dos recursos do Fundo Clima, plano enviado ao Congresso e formado com 10% do lucro do petróleo. Isso significa R$ 900 milhões para o Brasil - R$ 450 milhões para o Nordeste. Serão recursos para recuperar nascentes, solos e recursos hídricos, fazer plantações em volta das nascentes e matas ciliares em volta dos rios. Na Icid+18, os cientistas precisarão dar conta de uma atualização dos conhecimentos sobre as mudanças climáticas desde a última conferência. Como explica o diretor da Icid+18, que também dirigiu a Icid em 1992, Antônio Rocha Magalhães, a ciência avançou para comprovar que a tendência é que existam áreas cada vez mais áridas e que o gerenciamento dos recursos hídricos será essencial, já que o aumento das temperaturas e, consequentemente, da evaporação reduzirá a água disponível para o abastecimento das cidades e para a agricultura. BATE-PRONTO A GENTE TEM DE RESISTIR Que o Nordeste é a região que mais sofrerá com as mudanças climáticas é inevitável. Mas, para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, deve-se continuar preservando a biodiversidade. O problema são os latifundiários. (Daniela Nogueira, enviada a Limoeiro do Norte) O POVO - Onde serão aplicados os recursos do Fundo Clima que vêm para o Nordeste? Carlos Minc - Um pouquinho disso, desses R$ 900 milhões, a gente vai garantir para colocar nas matas ciliares do Jaguaribe. Isso faz parte da mitigação do Nordeste. É a região que mais vai sofrer com a questão climática. OP - Há conflito com os latifundiários por isso? Minc - A coisa é braba. Tem gente querendo detonar o código florestal, para detonar mais. O mundo inteiro está querendo preservar mais bioma, mais biodiversidade, mais floresta. E aqui os grandes latifundiários estão na contramão. Parece que a gente está vivendo em dois planetas diferentes. O mundo inteiro querendo isso, mais mata ciliar, mais bioma, mais caatinga, mais floresta, e aqui os grandes querem diminuir as proteções. OP - Como conciliar isso, então, ministro? Minc - A gente tem de resistir. Como é possível o mundo inteiro querendo proteger e o Brasil vai na contramão? O pessoal quer meter a machadinha na legislação ambiental brasileira. Esse pessoal está completamente doido da cuca. A não ser que eles queiram mudar para outro planeta. Mas eu só conheço habitável este e eu não sei para onde a gente vai quando o nível do mar subir. NÚMEROS 2 BILHÕES É O NÚMERO DE PESSOAS QUE VIVEM EM REGIÕES DE SEMIÁRIDO EM TODO O MUNDO 18 ANOS TERÃO SE PASSADO EM 2010 DESDE A PRIMEIRA EDIÇÃO DA ICID, EM FORTALEZA 450 MILHÕES DE REAIS É O VALOR DESTINADO AO NORDESTE DOS RECURSOS DO FUNDO CLIMA